Mediações em rede sobre o território sustenido
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Palabras clave

Arte contemporânea
paisagem
território
pandemia
crise da experiéncia
mediações

Cómo citar

Paglieri, R. (2023). Mediações em rede sobre o território sustenido: A crise da experiência para a prática artística sobre o território em tempos de medidas restritivas de uso e de circulação nos espaços públicos. PALMA Express, 160–191. Recuperado a partir de https://cipres.sanmateo.edu.co/ojs/index.php/libros/article/view/874

Resumen

Em música, o sustenido é um acidente que eleva a altura da nota em um semitom. Uma nota sustenida está sempre no espaço entre uma nota natural e outra, é uma mediação numa região de fronteira tonal. Mesmo sendo um acidente musical, as notas e acordes sustenidos têm funções importantes na composição musical, por um lado, permitem e facilitam a passagem entre um acorde e outro, mas sobretudo, servem para provocar a ruptura necessária para trocar o tom da música, enriquecendo e potencializando a melodia e a harmonia. Partindo dessa metáfora musical proponho neste artigo o conceito de território sustenido para discutir a crise, do que chamo, da experiência do território no âmbito das práticas artísticas contemporâneas para o espaço urbano. O território sustenido se refere aos territórios dos espaços urbanos durante o período crítico da pandemia, quando medidas de restrição de uso e circulação eram impostas em cidades e países tais como: lockdown, distanciamento social, toque de recolher e outras tantas que delimitavam a área e os horários em que cada um poderia estar e andar no espaço público. O território, que aprendemos habitar durante a pandemia era então um território restringido, reduzido, virtualizado, confiscado, suspenso. Agora, com o avanço da vacinação, aos poucos recuperamos o direito de usufruir e de circular pelos espaços públicos, mas durante mais ou menos um ano e meio, tivemos que aprender a lidar com um território ainda mais político, ainda mais vigiado, ainda mais panóptico. Esta transformação do território agravou ainda mais a crise da experiência já denunciada por importantes filósofos ao longo dos últimos cem anos, de Walter Benjamin que alertou para um empobrecimento da experiência e mais recentemente Giorgio Agamben que acusou a sua total destruição. Num diálogo com esses filósofos da experiência e outros ligados aos espaços existenciais, discuto a importância da experiência do território para as práticas artísticas preocupadas com a paisagem crítica contamporânea. Após conduzir o leitor por essa reflexão sobre a crise da experiência, sua radicalização durante a pandemia e suas implicações sobre o território das práticas artísticas da paisagem; o artigo procura esboçar algumas estratégias possíveis de reação, para vencer a crise da experiência do território por meio da apropriação do conceito de “modos de existir” do antropólogo e filósofo Bruno Latour e suas mediações em rede. O artigo busca apontar caminhos teóricos e estratégicos que permitam ―mesmo em momentos de suspensão do território e sua consequente crise da experiência― encontrar poéticas críticas nas mediações em rede entre os territórios do social, do político, do cultural, da técnica e do geográfico das paisagens reais.

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Citas

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